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Capelas imperfeitas do Mosteiro da Batalha

O Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha pertence ao grupo das grandes construções da sociedade europeia, em geral e portuguesa, em particular. É o panteão dinástico da Dinastia de Avis, a segunda dinastia portuguesa.

Foi construído seguindo o movimento artístico que estava em vigor na Europa: o Gótico. Mandado construir pelo rei D. João I em 1386, o monumento levaria cerca de dois séculos a edificar.

Um facto curioso – e que nos levará ao tema do artigo – é o de na Capela do Fundador se encontrar o que consideram o primeiro túmulo português duplo, onde repousam as ossadas de D. João I e D. Filipa de Lencastre. O seu filho, o rei D. Duarte, seguiu o exemplo e encontra-se sepultado juntamente com a sua esposa, D. Isabel de Aragão. Muitas outras famílias nobres da época adoptaram o mesmo sistema.

Uma característica dos enterramentos reais na Batalha respeita ao facto de nenhum rei tenha sido sepultado na capela doutro. Cada rei teve a sua tumba em diferentes lugares do Mosteiro (Capela do Fundador, Capela-mor, Capelas Absidiais, Sala do Capítulo). Este aspeto faz do mosteiro um panteão familiar no seu todo.

As Capelas Imperfeitas

As Capelas Imperfeitas são mandadas construir com esse propósito. É por intervenção do rei D. Duarte (1433-1438) que é ordenada a edificação desta nova capela funerária situada a leste do coro da Igreja.

Ao mestre Huguet pode-se atribuir o projeto e o início dos trabalhos. A sua planta consiste numa estrutura octogonal com sete capelas radiantes onde repousariam os restos mortais de D. Duarte, da sua esposa e dos seus filhos, excluindo o seu herdeiro, futuro D. Afonso V.

Com a morte do monarca e do mestre pouco tempo depois, os seus sucessores preocuparam-se em completar obra. No entanto, o formato das abóbadas eram demasiado complexas para os arquitetos e construtores. Esta capela nunca chegou a ser abobadada e deve o seu nome de capelas imperfeitas ao seu estado de não acabamento.

Durante o reinado de D. João II, não existem registos de obras de pedraria no mosteiro. De 1477 a 1490, as obras foram conduzidas por mestres vidreiros num período em que se deu prioridade à produção e colocação de vitrais nos edifícios maioritariamente construídos.

A sua decoração é retomada e enriquecida, no início do séc. XVI, sob reinado de D. Manuel I (1495-1521), que manda esculpir uma decoração abundante misturando um repertório de folhagens com escultura figurativa. D. Manuel I pensou acabar a obra, iniciando a ligação à cabeceira e os arranques do abobamento.

Mateus Fernandes, mestre arquiteto, em 1509 termina o pórtico que dá acesso ao panteão de D. Duarte pela igreja. Após a sua morte, em 1515, alguns registos indicam a presença do mestre Boytac (um dos arquitetos do Mosteiro dos Jerónimos) na Batalha. A partir de 1528, João de Castilho assume o comando das obras. Miguel Arruda termina, em 1533, o balcão do piso superior, sendo esta a última tentativa de D. João III de concluir as Capelas antes do encerramento total da obra.

Por completar ficou o abobamento da capela principal, que não se uniu, apesar dos esforços dos seus arquitetos. Apesar disso, D. Duarte e sua esposa encontram-se sepultados uma das Capelas Radiantes que foi terminada.

O aspeto de inacabamento das Capelas não lhe tira a beleza nem a imponência de todo o edifício, sendo o Mosteiro da Batalha um monumento de visita obrigatória em Portugal.

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