O século XIV foi um século de calamidades e uma delas as foi a Peste Negra.
A Peste Negra foi a designação que se deu à peste bubónica, que atingiu o mundo na Baixa Idade Média durante vários séculos. A peste bubónica caracteriza-se por fazer aparecer grandes inchaços no pescoço, axilas e virilhas, logo nos primeiros dias da doença.
Em Portugal, a Peste Negra estendeu-se de 1348 a 1352 (no reinado de D. Afonso IV) e teve efeitos devastadores, sobretudo no Outono de 1348, reduzindo o reino a quase um terço da população.
A sua propagação deveu-se à falta de limpeza e a abundância de parasitas. A limpeza e higienização eram quase inexistentes e as ruas eram imundas, tornando-as num ambiente propício ao desenvolvimento de doenças.
Mas o povo era ignorante e permeável a crenças pouco racionais. Tinham de colocar as culpas em alguém. Muitas vezes arranjavam um bode expiatório – que muitas vezes foram os judeus – o que resultou em grandes perseguições e mortes.
A peste propagava-se com tal velocidade que os próprios padres começaram a ser infectados. Alguns fugiam dos confessionários para não terem de confessar os moribundos. O mesmo faziam os tabeliães (notários), para não registarem os testamentos dos doentes e os físicos (médicos) para não serem contagiados.
Ninguém conseguia descobrir a origem desta epidemia. Apenas em 1894, Alexandre Yersin (um bacteriologista suíço) descobriu o bacilo, yersinia pestis, que a provocava.
E tratamentos? Os físicos recomendavam sangrias, purga com laxantes, os fumeiros, os emplastros quentes e outras mesinhas. Bem, numa das receitas acertaram: as medidas de higiene. Era recomendado às famílias das vítimas que lavassem as mãos e que limpassem as suas casas, o que resultou numa diminuição dos infectados. Não curou a doença, mas evitou mais contágios.
Esses físicos, para se protegerem do contágio, usavam várias camadas de roupa, máscaras (como as da imagem acima) com um grande bico – com o intuito de não chegar demasiado perto do doente – recheado de palha e substâncias aromáticas . Os olhos eram protegidos por lentes de vidro.
Como a Europa sobreviveu?
Com as medidas de higiene e limpeza, pois foi reconhecido que a doença se propagava devido à falta destes dois aspectos. Foram tomadas algumas medidas de saúde pública. Em Veneza, por exemplo, deu-se conta do período de incubação da doença, levando a impor a quarentena aos navios aportados no seu porto.
E Portugal?
Reorganizou-se. Os que ficaram imunes à doença tentaram reerguer o reino como melhor conseguiam.
As consequências deste surto de peste foram, sobretudo, demográficas. A praga dizimou principalmente as cidades, os mosteiros e todas as comunidades de densidade populacional elevada. Também o campo foi afectado. Nenhuma região ficou imune.
Depois do primeiro embate, as consequências demográficas imediatas traduziram-se em movimentos migratórios.
Estas epidemias, no entanto, não cessaram de aparecer. Nos séculos seguintes surgiam com menor ou maior amplitude, chegando a atingir a realeza, como aconteceu a D. Filipa de Lencastre e D. Duarte.